quinta-feira, 6 de maio de 2010

aprender

comecei por achar que algumas pessoas só aprendem a mal.
depois descobri que a maioria delas só aprende a mal.
depois constatei ainda que essa tal grande maioria não aprende é que nem a bem nem a mal.
hoje em dia considero que quando encontrar alguém que aprenda mais a bem que a mal, essa pessoa acabou de me provar a excepção que confirma a regra.
no fim, toda a aprendizagem se resume a um exercício da vontade (ou, maioritariamente, da falta dela).

5 comentários:

  1. fantástico post..(descoberto por acaso).. Tou numa fase, que não sei em que parte se insere do teu percurso, em que acho que as pessoas vão aprender sempre e só, e só mesmo, o que querem...
    Luis
    (obrigado pela descoberta)

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  2. :)
    o acaso não existe.
    já há algum tempo que observo e medito sobre a capacidade de aprendizagem (leia-se mudança) do ser humano.
    cheguei, fatalmente, a essa mesma conclusão. é que é só mesmo o que querem e nada mais. em si, o querer não é um problema, visto que é o motor da acção humana voluntária.
    verifico é que há poucos quereres que sejam, em si mesmos, de valor - pelo bem, pelo belo, pela justiça, pela excelência, pela paz, pelo amor...
    é que aquilo que as pessoas mudam sem quererem, volta ao seu estado original tão depressa como um elástico que deixou de ser puxado por alguém :)

    Kat

    (obrigado pela partilha)

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  3. oiço constantemente: querer é poder. vi num filme: quando queres muito uma coisa o mundo conspira para que aconteça.
    a aprendizagem depende está no rácio conformismo \ novidade. é nessa inércia activa que temos de colocar os nossos quereres. . . digo eu, que nada sei

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  4. E se for por (1) uma capacidade para distinguir o verdadeiro do falso e (2) saber que, por mais horrível que seja e por menos que gostemos, o verdadeiro é sempre mais útil que o falso e (3) que existe um futuro, e não é como eu o imagino e quero, mas como é e o estou a fazer agora?

    Um sujeito qualquer falava das pessoas a quem as coisas não "aconteciam", porque eram capazes de prever e determinar o seu futuro (dizia Pasteur, a sorte favorece os que estão preparados).

    Estou de certa forma a suspeitar que grande parte da esperteza saloia que no português passa por inteligência (não conhecem melhor) é uma forma cor-de-rosa de ver um futuro imaginário (sebastiânico, mas só individualmente sebastiânico) em que todos os desejos imaginários estão satisfeitos e a nossa infantilidade presente, em que nos recusamos a fazer acontecer as coisas porque é mais fácil deixar que elas nos aconteçam, se encontra justificada.

    Donde o estado (a que isto chegou) ser visto patologicamente como um pai bondoso (se deixarmos de vê-lo assim vamos ter de fazer qualquer coisa), o que permite aos crápulas que lá chegam toda a espécie de desvaires.

    A abordagem do nosso Édipo inicial impõe-se; começaria com a vontade de ter um percurso, e logo depois com a pergunta fatal da Esfinge, a que não sabemos responder.

    (Uau, que tirada...)

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  5. Lia no outro dia algures um que apresentava a teoria dicotómica entre dois "esquemas" biológicos supostamente de conservação da espécie, paradigmaticamente quando em equilíbrio, um que zela pela (também humana) conservação da energia, concedendo prazer em troco do relaxamento. O outro, que se empenha e recompensa pela orientação para a mestria, que garante o domínio do ambiente que nos rodeia e a evolução da espécie; atingido o dominio de determinada tarefa ou uma qualquer realização de determinado grau de dificuldade, esforço exigido, bem entenda-se.
    A razão deverá estar no equilibrio de forças, certo? Não nos queremos matar de esforço, mas também não deveriamos querer ser abéculas.
    Confesso que me faz muita espécie este fenómeno "individualmente sebastiânico", "em que nos recusamos a fazer acontecer as coisas porque é mais fácil deixar que elas nos aconteçam, se encontra justificada." - é, vá, no mínimo, uma tirada fabulosa, sem duvida nenhuma. :)
    O que me espanta é que, mesmo depois de esperas sebastiânicas, e muitos e muitos e muitos problemas à conta disso, que trabalham sozinhos para a eliminação da espécie, nem a biologia funcione a favor, processando neurologicamente a necessidade óbvia de evolução e não só de conservação da energia. Porque esta, sozinha e completamente desequilibrada, em vez de funcionar para a conservação da vida, congemina para a sua eliminação. hum.
    ah, é verdade. o verdadeiro do falso. pois. tenho em crer que o único factor de que essa capacidade depende é do tempo, qualquer um, cairológico ou cronológico, mas principalmente o primeiro. é simples, é como a natureza. não há forma, que eu saiba, do azeite não subir à tona da água. o que é uma sorte :)
    e já agora, qual é a pergunta fatal da esfinge? :)

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